Atualmente, exerce Ortopedia e Traumatologia no Centro Hospitalar do Oeste – Torres Vedras. Em 2008 concluiu os estudos de Medicina, na Faculdade de Medicina de Lisboa, Lisboa – Portugal.
Tema a apresentar: “Escoliose Idiopática do Adolescente – uma abordagem multidisciplinar”
Resumo: A Escoliose caracteriza-se por um desvio lateral da coluna no plano coronal com um ângulo de Cobb superior a 10 graus, associado a um componente rotacional das vértebras. Pode ser considerada como uma deformidade tridimensional da coluna vertebral por apresentar alterações no plano coronal, sagital e axial.A escoliose pode ser classificada em funcional ou estrutural. A primeira decorre de elementos externos à coluna que resulta em curvas leves que desaparecem com a flexão anterior ou lateral. A estrutural, por sua vez, resulta numa curva fixa que não corrige com a mudança posicional. Pode ainda subdividir-se a escoliose estrutural segundo a sua etiologia em: congénita, causada por uma malformação nas vértebras; neuromuscular, que resulta de desequilíbrio muscular dos estabilizadores da coluna devido a condição neurológica (paralisia cerebral, distrofia muscular, espinha bífida, síndrome de Marfan, lesões da medula espinhal); ou então de idiopática quando a etiologia é desconhecida.A Escoliose idiopática do adolescente (EIA) engloba entre 80-90% dos casos de escoliose idiopática pediátrica, com uma prevalência na população geral de 2 a 3%. Cerca de 10% dos adolescentes diagnosticados requerem tratamento conservador e 0.1 a 0.3% tratamento cirúrgico. Nos doentes com pequenas angulações, verificou-se que a prevalência no sexo masculino e feminino é igual, contudo, se se avançar para curvas de maior magnitude o mesmo não se verifica, observando-se que os adolescentes do sexo feminino apresentam uma maior prevalência e também um maior risco de progressão. A EIA é uma doença multifatorial com predisposição genética. Foram propostas diversas etiologias desde causas genéticas, alterações neuromusculares, disfunções metabólicas e hormonais, crescimento vertebral assimétrico, fatores biomecânicos ou ambientais.A nível sintomatológico, a EIA geralmente não cursa com sintomas evidentes, logo o seu diagnóstico muitas vezes advém de exames físicos de rotina no médico de família, rastreios nas escolas ou até mesmo suspeitas por alguns elementos da família. O principal sinal que pode alertar para a sua existência são as assimetrias, nomeadamente do peito, da anca e dos ombros. Pode ser também evidente uma gibosidade na zona torácica.Considerando a história natural relativamente benigna da EIA, o tratamento cirúrgico está reservado para grandes curvas progressivas, estando o tratamento conservador indicado em curvas menores ou que ainda não possuem indicação cirúrgica. O grande objetivo do tratamento conservador é evitar a progressão da curva para que não seja necessária uma futura intervenção cirúrgica, melhorar a estética e a qualidade de vida do doente e, eventualmente, diminuição da dor caso esteja presente.